14 de mar. de 2020

ATÉ QUANDO?




Até quando vamos falar sobre preconceito.

Irei dar o meu depoimento pessoal, com o único intuito de expressar o meu pensamento, sobre esse assunto que me incomoda muito atualmente, sem nenhum tipo de apelo, partido, exclusão, pré-conceito, ou qualquer tipo de negativa.

(Esse é um dos problemas que vejo).

Hoje já não podemos nos expressar livremente, temos que ter cuidado em tudo que falamos, porque pode se tornar uma ofensa, uma agressão verbal, passiva de repressão e ser julgado por ofensa.

Lembro da minha infância que um dos meus melhores amigos é da cor negra, com sua origem afrodescendente, “oi?” É o que? Então, nesta época chamávamos ele de “negão” e isso era mais que normal, não existia nenhum tipo de preconceito ou algo pejorativo na expressão. Afinal ele é negro, sua cor é negra.

Dai negão tudo bem? E nunca foi um problema, ele inclusive era um dos guris da rua que mais tinha amigos, socialmente bem colocado, era visto como bom aluno, todo mundo queria ser amigo dele, mas a sua cor era um detalhe, pois ninguém fazia distinção sobre sua raça, cor, ou seja, o que for, era mais fácil ter piadas de branquelos do que de negão.

Da mesma forma que me lembro do “alemão” e eu já fui chamado algumas vezes de “branquelo”, a e tinha o “japa” que nem japonês não era, mas tinha uma cara de japonês e ficou o apelido.

Mas chamar uma pessoa da cor negra de negão, isso não pode! Na verdade, sempre pode e não era problema, mas hoje com tanta burrice em distorcer as coisas, o óbvio se tornou ofensivo.

E quero deixar claro aqui, logo, antes que alguém se ofenda, que meu texto é para expressar uma indignação que tenho sobre os rótulos que estamos criando cada dia mais e um falso posicionamento das mídias e todo mundo que acaba alimentando essa rotulação cada dia mais e mais!

Não sou e nunca fui preconceituoso, tenho amigos negros, acho a mulher negra linda, tenho amigos gays, transexuais, bissexuais e para mim é João, Marcos, Letícia, Gabriel, Rodrigo, Laura, são pessoas com nomes e não os defino por sua preferência sexual, religiosa, ou por sua origem.

Vai uma pessoa ou famoso negro para a TV em um tal programa e o apresentador sempre pergunta a mesma “merda”, “e você já sofreu com preconceito, já sofreu bullying?”, cara tu tá fazendo o bullying, tu tá gerando o preconceito, justamente perguntando isso, pergunte se ele teve dificuldades em sua vida profissional, da mesma forma que perguntaria para uma pessoa de origem ocidental, enquanto nossas mídias e famílias ficarem de “mimimi” com esses assuntos, enquanto tiver o dia do gay o dia do transexual, o dia do negro, estaremos criando a separação, temos que tratar as pessoas como pessoas e pronto, tanto faz a sua origem, a sua preferência religiosa ou sexual.

Quando as pessoas forem fazer o teste para algum trabalho, deve ser avaliado se ela é capaz de trabalhar na função e pronto, que diferença faz de onde vem, cor, sexo, nacionalidade ou qualquer informação sobre escolhas pessoais, pergunte então, se a pessoa tem a escolaridade que precisa, se tem os conhecimentos que precisa, se fala a língua que precisa falar, se entende sobre os temas e assuntos da função.

Mas claro que as oportunidades devem ser iguais a todos, principalmente nos estudos, pois aí sim todos terão as mesmas condições de alcançar os seus objetivos, e não é porque é pobre que é coitadinho ou por que é rico que sempre teve privilégios, tem rico burro, e tem pobre gênio e o inverso é verdadeiro.

Hoje se você falar alguma coisa para uma pessoa que é gay, ou transexual, é perigoso, pois geralmente já vai dizer que você está falando isso por que você é homo fóbico, mas infelizmente uma grande parte do público gay se defende agora com essa questão da “homofobia”, e o que isso gerou, muitos gays que se passam e são muito ofensivos por conta da super proteção, pois basta alguém falar que você disse que ele é chato ou inoportuno por que é gay, mas muitas vezes se tornam chatos e inoportunos por que confundem sua escolha, achando que todo mundo deve aprovar ou apoiar, e isso tanto faz é uma escolha de cada pessoa, se você quer ser gay ótimo, mas o gay também tem que respeitar quem não é, e respeitar quem quer ser heterossexual, respeitar as pessoas que tem outra escolha. Conheço e convivi com casais de gay, extremamente educados e discretos, da mesma forma que conheço casais de heterossexuais que são indiscretos e mal-educados, por isso digo, que o problema veio nessa superexposição de géneros que desencadeou uma rotulação ofensiva e desnecessária, justamente o que hoje causa tragédias e barbarias onde pessoas gays são assassinadas simplesmente por sua opção sexual, mas se não houvesse essa super exposição talvez não teriamos tantas tragédias.

E sei que tem gente que vai dizer que sou contra o dia da consciência negra, ou contra o dia LGBT, não sou contra, acho que a história tem muitas datas a serem lembradas por conquistas ou tragédias, e Zumbi dos palmares tem a sua história  e deve ser sempre lembrada, me refiro as separações que estamos criando e alimentando dia a dia, quando temos que responder em uma ficha que seja de trabalho ou para outra coisa qualquer onde pergunta-se se você é pardo, negro, ocidental, onde pergunta-se qual a sua religião, e agora ainda temos o sexo, se você é homem, mulher ou “outros”, “oi?”, sério que só eu acho que estamos desevoluindo, sempre achei e já escrevi aqui antes que para mim a religião, política e futebol só criaram fronteiras e separaram as pessoas, só serve mesmo para separar e nunca uniram as pessoas, guerras surgem por causa dessas três coisas, o ser humano desenvolveu uma grande habilidade de criar barreiras, como é difícil ver alguém estendendo a mão sem esperar algo em troca, até para ajudar as pessoas tem que publicar o que estão fazendo, por que hoje em dia mostrar que é bom é bonito, mostrar generosidade te dá “likes”.

Pior que tento encontrar uma época na história onde realmente não existia nenhum tipo de preconceito, é muito difícil chegar a uma data, é mais fácil encontrar regiões ou comunidades que são desprovidas do preconceito, onde a palavra bullying é apenas uma palavra.

Chegaremos algum dia em um nível de evolução onde nossas diferenças nos façam iguais?

Vejo essa evolução quando assisto a filmes de ficção cientifica como “star wars”, onde aparecem diversos tipos de seres diferentes, de todos os tipos e gêneros, de origens diferentes, sentados juntos em um bar bebendo e conversando ou em um estádio todos unidos assistindo uma corrida.

Parece cômico ver diversas raças juntas, mas para mim é o momento aonde de alguma forma o autor quis mostrar exatamente isso, que somos todos iguais perante nossas diferenças.

Não me importa se meu filho vai casar com uma negra, ou se ele vai ser gay, ou se ele quiser ser do candomblé ou evangélico, se vai torcer para o grêmio ou flamengo, se é de direita ou esquerda, para mim ele é meu filho e tem as suas escolhas e preferências.

Respeite as pessoas por serem quem são e como são, tanto faz sua aparência, origem ou escolhas.

Até quando?


R.M.

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